O presidente da República, Jair Bolsonaro, voltou neste sábado (23) a
defender o uso da cloroquina no tratamento contra a covid-19. Ao deixar
no período da tarde o Palácio da Alvorada, Bolsonaro parou para
cumprimentar populares. Entre o grupo, havia uma família que diz ter
sido contaminada pelo novo coronavírus e que tomou o medicamento no
tratamento.
Após falar com os populares, Bolsonaro se aproximou da imprensa, mas
afirmou que não responderia pergunta dos jornalistas e que falaria
apenas com os cinegrafistas.Leia mais: Novas regras preveem cloroquina a crianças, grávidas e pacientes leves
Ao ser questionado sobre o uso da cloroquina, o presidente afirmou que
tem ouvido testemunho de muitas pessoas que o procuram para relatar o
sucesso do medicamento no combate à covid-19 e que foram curadas.
"Até porque não tem outro remédio. É o que tem. Ou você toma cloroquina
ou não tem nada. O que eu fico chateado também é que quem não quer
tomar, não toma", afirmou Bolsonaro.Veja também: Cloroquina eleva risco de morte em infectados pela covid-19, diz estudo
Segundo ele, a doença está matando muitas pessoas. Ele contou um
episódio da Guerra do Pacífico em que soldados chegavam feridos e não
tinha sangue para doação. "Então, o cara pegou água de coco e meteu na
veia dele. E deu certo. Se fosse esperar um protocolo, uma comprovação
científica, iam morrer milhares", afirmou.
Na última quarta-feira, 20, o Ministério da Saúde divulgou um documento
em que defende o uso da hidroxicloroquina para todos os pacientes com
covid-19, mesmo os com sintomas leves da doença.
Embora não haja comprovação científica da eficácia do medicamento
contra a doença, o ministério alegou, no documento, que não tem poder de
diretriz, que o Conselho Federal de Medicina (CFM) autorizou
recentemente que médicos receitem a seus pacientes a cloroquina e a
hidroxicloroquina.
Um estudo observacional com mais de 96 mil pacientes internados mostrou
que o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina em pacientes com o novo
coronavírus, mesmo quando associados a antibióticos, aumenta o risco de
morte nos infectados pela covid-19. É a maior pesquisa realizada até o
momento sobre os efeitos que essas substâncias têm no tratamento do
vírus. O estudo foi liderado pelo professor Mandeep Mehra, da Escola de
Medicina de Harvard, publicado na revista científica The Lancet.
Mesmo time
Antes de deixar o local, o presidente foi questionado sobre o que ele
tinha achado das declarações do ministro do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), Augusto Heleno, dadas na sexta com relação ao
pedido de apreensão do seu celular. "Somos um mesmo time, eu, Heleno,
Fernando (ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva), somos um mesmo
time", limitou-se a dizer.
Confira: ‘Mais uma farsa desmontada’, diz Bolsonaro após divulgação de vídeo
O general Heleno divulgou nota na sexta na qual afirma considerar
"inconcebível" o pedido de apreensão do celular do presidente Jair
Bolsonaro e que, caso aceito, poderá ter "consequências imprevisíveis
para a estabilidade nacional".
A solicitação foi apresentada por parlamentares e partidos da oposição
em notícia-crime levada ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nessa sexta,
22, o ministro Celso de Mello, relator do caso, pediu que a
Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre assunto.
Acesse: Líder do PSB vai representar Heleno por crime de Segurança Nacional"O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional", diz Heleno, em nota divulgada no sábado.
O ministro Celso de Mello se manifestou ainda na noite de sexta para
rebater acusações de que teria autorizado pedido de apreensão do celular
do presidente.
"O ministro Celso de Mello nada deliberou a respeito nem sequer
proferiu qualquer decisão ordenando a pretendida busca e apreensão dos
celulares", afirmou o gabinete do decano. "Restringindo-se, unicamente, a
cumprir os ritos da legislação processual penal. Nada mais além disso." Copyright © Estadão. Todos os direitos reservados.
Fonte: R7 SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário