Estadão Conteúdo
Sob a alegação de que
atingiu o tempo de contribuição previdenciária e diante da atividade de
risco que exerce, o delegado-geral de Polícia Civil do Rio Grande do
Norte, José Francisco Correia Júnior, anunciou nesta sexta-feira, 29,
que deixará o cargo. O anúncio da aposentadoria ocorre num dos períodos
mais críticos na segurança pública potiguar.
Desde o início da semana passada, policiais civis e militares, além
de bombeiros, delegados e escrivães de Polícia Civil reduziram os
serviços a 20% do efetivo. Eles pedem o pagamento dos salários atrasados
dos meses de novembro, dezembro e o décimo terceiro - além de melhorias
na estrutura de trabalho e regularização das viaturas policiais.
"Não vou aqui relatar aquilo que fiz pela Polícia Civil, até por que
não fiz nada a mais que minha obrigação como servidor público, e sim
pedir desculpas por aquilo que não pude fazer a mais", relatou o
delegado-geral em carta enviada aos colegas de profissão e à secretária
de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social, Sheila Freitas.
Em outro trecho, ele escreve: "Uma decisão, mais difícil do que dar
início no exercício de uma atividade tão honrosa quanto a de delegado de
Polícia Civil é a decisão de deixar de exercê-la. Sei do momento
extremamente delicado que passa toda a segurança pública, todavia, essa
decisão já é antiga, tomada há alguns meses, sendo já do conhecimento de
alguns colegas".
De acordo com a assessoria de imprensa da secretaria, o cargo de
delegado-geral será assumido pela atual adjunta, a também delegada de
Polícia Civil Adriana Shirley.
Violência
Desde o início da semana passada até a manhã desta sexta-feira, a
Central de Flagrantes da Polícia Civil registrou 538 ocorrências. A
maioria delas (479) se relaciona a roubos contra pessoas.
Arrombamentos a estabelecimentos comerciais somam 50; a bancos e
terminais eletrônicos, 7; e o roubo de veículos atingiu uma marca
recorde: 242 ocorrências. Durante a madrugada desta sexta-feira, mais um
supermercado foi invadido por cerca de 20 criminosos, que quebravam
vidraças e saquearam produtos.
No início da noite de quinta-feira, 28, o governo do Estado reforçou o
pedido de envio de Tropas Federais ao presidente Michel Temer.
Atualmente, cerca de 150 homens e mulheres da Força Nacional reforçam o
policiamento ostensivo em Natal.
Os policiais civis e militares mantêm, mesmo descumprindo decisão
judicial, a paralisação dos serviços. As categorias alegam que não estão
em greve, mas apenas trabalhando com as condições oferecidas pelo Poder
Executivo.
Alexandrepfilho via JCNET
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