CURIOSIDADES SOBRE O PÃO NO TEMPO DOS PROFETAS DE DEUS
Antigas amostras de terras bíblicas incluem bolos ou pães redondos, ovais, triangulares e cuneiformes, relativamente finos, e pães grossos e compridos. Contudo, parece que os pães grossos, como os do mundo ocidental, não eram comuns no antigo Oriente Médio. Ainda hoje, o pão oriental é assado fino, geralmente tendo 1 a 2,5 cm de espessura e cerca de 18 cm de diâmetro.
Ao fabricarem pão, os hebreus, em geral, usavam farinha de trigo ou de cevada. (2Rs 4:42; Jo 6:9; compare Êx 34:22 com Le 23:17.) O trigo era mais caro, de modo que as pessoas não raro tinham de contentar-se com pão de cevada. Faz-se referência ao pão de cevada em Juízes 7:13, 2 Reis 4:42 e João 6:9, 13. Algumas farinhas eram um tanto granulosas, sendo preparadas mediante o uso do gral e do pilão. No entanto, usava-se também “flor de farinha”. (Gên 18:6; Le 2:1; 1Rs 4:22) O maná que Deus forneceu aos israelitas durante sua jornada no ermo era moído em moinhos manuais ou pilado num gral. — Núm 11:8.
Costumava-se moer o cereal e assar pão fresco diariamente, e, não raro, o pão não continha fermento (hebr.: matstsáh). A farinha era simplesmente misturada com água, e não se adicionava fermento antes de se trabalhar a massa. Para a fabricação do pão fermentado, o método usual era tomar um pouco da massa, reservada dum anterior cozimento, e empregá-la como agente fermentativo, desmanchando-a na água, antes de acrescentar a farinha. Tal mistura era amassada e se deixava descansar até levedar. — Gál 5:9.
Certas ofertas feitas a Deus pelos israelitas consistiam de coisas assadas. (Le 2:4-13) Não se permitia usar fermento em ofertas feitas por fogo a Yehowah, embora determinadas ofertas não fossem queimadas no altar e pudessem conter fermento. (Le 7:13; 23:17) Não era permitido usar pão fermentado na Páscoa e na Festividade dos Pães Não Fermentados associada com ela. — Êx 12:8, 15, 18.
A importância do pão na dieta diária nos tempos bíblicos é indicada em repetidas referências a ele nas Escrituras. Por exemplo, Melquisedeque “trouxe para fora pão e vinho” antes de abençoar a Abraão. (Gên 14:18) Ao mandar Agar e Ismael embora, Abraão “tomou pão e um odre de água, e deu-o a Agar”. (Gên 21:14) Quando estava preso, Jeremias recebia uma ração diária de “um pão redondo”. (Je 37:21) Em duas ocasiões, Jesus Cristo milagrosamente multiplicou pães para alimentar grandes multidões. (Mt 14:14-21; 15:32-37) Jesus ensinou seus seguidores a orar pedindo “pão para o dia, segundo as exigências do dia”. (Lu 11:3) E o salmista apropriadamente identificou a Deus como aquele que dá “pão que revigora o próprio coração do homem mortal”. — Sal 104:15.
Uso Figurado: O termo “pão”, conforme usado na Bíblia, tem diversas aplicações figuradas. Por exemplo, Josué e Calebe disseram aos israelitas reunidos que os habitantes de Canaã “são para nós pão”, pelo visto significando que eles podiam ser facilmente conquistados e que essa experiência sustentaria e fortaleceria Israel. (Núm 14:9) Grande pesar, que pode estar associado com o desfavor divino, parece refletir-se no Salmo 80:5, onde se diz de Yehowah, o Pastor de Israel: “Tu os fizeste comer o pão de lágrimas.” Fala-se também de Yehowah que daria a seu povo “pão em forma de aflição e água em forma de opressão”, evidentemente referindo-se a condições que o povo enfrentaria quando estivesse sitiado e que lhe seriam tão comuns como pão e água. — Is 30:20.
Ao falar sobre aqueles que são tão iníquos que “não dormem a menos que façam alguma maldade”, o livro de Provérbios diz: “Alimentaram-se do pão da iniqüidade.” (Pr 4:14-17) Sim, eles parecem sustentar-se de ações iníquas. Sobre alguém que talvez obtenha as provisões materiais para a vida por meio de engano ou fraude, Provérbios 20:17 diz: “O pão ganho mediante falsidade é agradável ao homem, mas depois a sua boca se encherá de cascalho.” Mas, sobre a boa e laboriosa esposa, diz-se: “Não come o pão da preguiça.” — Pr 31:27.
A Bíblia também usa “pão” figuradamente em sentido favorável. Isaías 55:2 mostra que as provisões espirituais de Deus são muito mais importantes do que as coisas materiais, dizendo: “Por que continuais a pagar dinheiro por aquilo que não é pão e por que é a vossa labuta por aquilo que não resulta em saciedade? Escutai-me atentamente e comei o que é bom, e deleite-se a vossa alma com a própria gordura.”
Ao instituir a nova refeição que celebraria sua morte (em 14 de nisã de 33 EC), “Jesus tomou um pão, e, depois de proferir uma bênção, partiu-o, e, dando-o aos discípulos, disse: ‘Tomai, comei. Isto significa meu corpo.’” (Mt 26:26) O pão significava o próprio corpo carnal de Jesus “que há de ser dado em vosso benefício”. — Lu 22:19; 1Co 11:23, 24.
Visto que eram relativamente finos e, se não fermentados, quebradiços, os pães eram partidos, em vez de cortados. Portanto, em si, não há nada de especial em Jesus ‘partir’ o pão usado ao instituir a Refeição Noturna do Senhor (Mt 26:26), sendo esta a maneira costumeira de partilhar o pão. — Mt 14:19; 15:36; Mr 6:41; 8:6; Lu 9:16; At 2:42, 46, Int.
Cerca de um ano antes, Jesus Cristo contrastara “o pão que desce do céu” com o maná consumido pelos israelitas no ermo e declarara explicitamente: “Eu sou o pão da vida.” Ele mostrou que era “o pão vivo que desceu do céu”, acrescentando: “Se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e, de fato, o pão que eu hei de dar é a minha carne a favor da vida do mundo.” (Jo 6:48-51) Este ‘comer’ teria de ser feito em sentido figurado, por se exercer fé no valor do sacrifício humano perfeito de Jesus. (Jo 6:40) Jesus apresentou o mérito do seu sacrifício resgatador a seu Pai, quando ascendeu ao céu. Por meio deste mérito, Cristo pode dar vida a todos os obedientes da humanidade. Conforme predito sob inspiração divina, Jesus nasceu em Belém, que significa “Casa de Pão” (Miq 5:2; Lu 2:11), e por intermédio de Jesus Cristo provê-se o “pão” que dá vida a toda a humanidade crente. — Jo 6:31-35
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