Secretaria de Saúde confirmou mais cinco mortes ontem, somando 17 vítimas fatais; número de casos da doença em Bauru já passa dos 15 mil
Vitor Oshiro e Cinthia Milanez
Atualizada às 2h03 de 3/05
Atualizada às 2h03 de 3/05
Os números de dengue seguem quebrando tristes marcas em Bauru. Uma nova leva de casos foi confirmada nesta quinta-feria (2) pela Secretaria Municipal de Saúde e, agora, a cidade já passa dos 15 mil registros oficiais da doença (leia mais abaixo). O mais doloroso é que foram divulgadas também nesta quinta-feira mais cinco mortes provocadas pela enfermidade. Para se ter uma ideia, com 17 registros oficiais de óbitos, 2019 já matou mais do que todos os anos anteriores juntos.
Antes de 2019, os anos que haviam registrado mortes pela doença foram 2011 (seis óbitos), 2013 (dois), 2015 (seis) e 2016 (um). Assim, todos os anos somados mataram 15 pessoas, ou seja, duas vítimas fatais a menos do que em 2019.
As novas mortes confirmadas ontem seguem o perfil das anteriores: adultos e idosos e com doenças associadas. A vítima mais nova tinha 57 anos enquanto a mais velha estava com 84. Todas as cinco vítimas fatais tinham comorbidades, como hipertensão ou doenças do coração (veja no quadro ao lado).
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde afirma que o número de mortes está abaixo do preconizado. "Pela Diretriz Nacional para Prevenção e controle de Epidemias de Dengue, a letalidade deve ficar abaixo de 1% dos casos confirmados (seriam 150 casos em Bauru). Com a assistência e qualidade de atendimento adotadas em Bauru, o município mantém a letalidade em 0,11%", justifica.
CASOS SUSPEITOS
Entretanto, esse triste saldo de óbitos na cidade pode crescer ainda mais. Além das 17 mortes, pelo menos outras três suspeitas seguem sendo investigadas.
A reportagem questionou se, além dos três casos suspeitos que já estão em investigação há semanas, outras haviam sido adicionadas. Contudo, a pasta se limitou a dizer que "os demais continuam aguardando resultado laboratorial pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL) - São Paulo", sem especificar quantos óbitos suspeitos existem.
AÇÕES
Em entrevista recente ao JC, o secretário municipal da Saúde, José Eduardo Fogolin, ressaltou o esforço do município, que tem realizado uma série de ações na tentativa de combater o mosquito Aedes aegypti. Segundo dados passados por ele, a cidade faz o bloqueio dos criadores de 1,2 mil imóveis por dia. E mais: diariamente, 450 edificações são submetidas à nebulização portátil. Os agentes visitam, também, de oito a dez pontos estratégicos, como ferro-velhos, por dia. Além disso, os servidores monitoram os imóveis considerados especiais, como escolas e hospitais.
Concomitantemente, o município realiza aplicações de biolarvicida, cujo efeito é mais duradouro; limpeza dos terrenos públicos; bem como reuniões mensais junto ao Comitê Ambiental.
Em janeiro, a prefeitura determinou que os proprietários dos terrenos particulares fizessem a limpeza e a capinação destas áreas. Caso contrário, o serviço seria executado e a conta, enviada aos responsáveis, que, além de tudo, receberão uma multa de R$ 5,00 por metro quadrado.
Nas UPAs, o município realiza a triagem qualificada, ou melhor, logo que o paciente chega com a queixa, já pede o hemograma completo. O protocolo clínico, por sua vez, corresponde à hidratação. Já os pacientes em observação ou internados são acompanhados pela Vigilância Epidemiológica, diariamente.
As UBS do Bela Vista, Mary Dota, Jussara/Celina e Núcleo Geisel também atendem os casos de dengue, das 14h às 23h.
10 MINUTOS
Mesmo assim, o poder público segue destacando que a participação da população é fundamental no combate ao mosquito. Inclusive, uma das campanhas é a "10 minutos contra o Aedes". Desenvolvida pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), baseia-se em uma ronda semanal de 10 minutos observando vários pontos. É possível baixar a lista da ronda pelo link http://www.ioc.fiocruz.br/dengue/textos/10minutos.html
Casos já são quase o dobro do recorde anterior
Além das 17 famílias que enterraram seus entes queridos por conta da dengue, o número de pessoas que sofreu com os sintomas da doença também não para de crescer. Com a confirmação de mais 1.395 registros ontem, Bauru atinge, somente neste ano, 15.046 casos da doença, sendo 15.017 autóctones e 29 importados.
Com isso, 2019 já tem quase o dobro de registros oficiais de 2015, período com recorde anterior de casos da doença. Naquele ano, foram contabilizados 8.482 casos.
120 mil litros de inseticida devem ser enviados
Mesmo diante da pior epidemia de dengue da história, a nebulização com equipamento acoplado a veículo precisou ser suspensa em Bauru - e em outras cidades - porque o Ministério da Saúde está com desabastecimento do inseticida utilizado para o procedimento, o Malathion. A situação, contudo, deverá ser normalizada em breve.
O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) informa que se reuniu com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, na última segunda-feira, para tratar da situação de dengue em Bauru.
No encontro, ficou acordado que, em duas semanas, o Ministério da Saúde enviará mais 120 mil litros de Malathion para o combate à dengue na região de Bauru, por meio do processo de nebulização em bairros de toda a cidade.
Nesta terça-feira, a pasta federal, por meio da Secretaria de Vigilância em Saude, emitiu uma nota informativa sobre o problema. Nele, é feito um histórico do que motivou o desabastecimento.
O documento foi elaborado pelo coordenador geral dos Programas Nacionais de Controle e Prevencao da Malaria e das Doencas Transmitidas pelo Aedes, Rodrigo Fabiano do Carmo Said, que, inclusive, esteve em Bauru no início de abril.
"É importante informar que o Ministério da Saúde passa hoje por um desabastecimento momentâneo do produto, em decorrência de problemas na formulação pela empresa produtora, que causou vazamento de embalagens, além da sedimentação do produto que o inviabiliza par uso. A Bayer, empresa produtora, foi informada dos problemas e recolheu 105 mil litros do inseticida, para testes e ensaios de qualidade. A previsão que é que a empresa entregue, no mês de maio, o quantitativo recolhido", apontou o governo federal, em nota emitida na última semana ao JC. Assim, a nebulização de 40% da cidade fica na dependência da chegada do inseticida.
Fonte: JCNET
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