Morreu nesta quarta-feira (27), aos 91 anos, o escritor e jornalista Murilo Melo Filho, membro da Academia Brasileira de Letras.
Segundo a ABL, Murilo Melo Filho morreu de manhã no Hospital
Pró-Cardíaco, vítima de falência múltipla de órgãos. O sepultamento será
no mausoléu da Academia Brasileira de Letras. Diante da recomendação de
se evitar reuniões e aglomerações por conta do coronavírus, não haverá
velório.
“Murilo Melo Filho foi um dos grandes jornalistas brasileiros da
segunda metade do século XX. Acompanhou de perto a política nacional, a
construção de Brasília e a guerra do Vietnã. Conheceu inúmeros chefes de
Estado, a quem dedicou páginas antológicas, dos mais variados espectros
políticos. Foi também um acadêmico exemplar, assíduo, com a disposição
de emprestar seu talento aos mais diversos cargos e serviços na
Academia. Guardo a imagem de um homem bom, de uma alta sensibilidade
humana, voltada sobretudo para os mais vulneráveis e desprovidos. Um
momento de tristeza.”, afirmou o Presidente da ABL, Acadêmico Marco
Lucchesi.
Murilo Melo Filho nasceu em Natal no dia 13 de outubro de 1928 e foi o
mais velho de sete irmãos. Já aos 12 anos de idade começou a trabalhar
no Diário de Natal, com Djalma Maranhão, escrevendo um comentário
esportivo. Posteriormente passou por outras publicações da região.
Aos 18 anos, veio para o Rio, onde estudou no Colégio Melo e Souza e
foi aprovado em concursos públicos para datilógrafo do IBGE e do
Ministério da Marinha, ingressando a seguir no Correio da Noite, como
repórter de polícia.
Trabalhou também na Tribuna da Imprensa, com Carlos Lacerda; no Jornal
do Commercio, com Elmano Cardim, San Thiago Dantas e Assis
Chateaubriand; no Estado de S. Paulo, com Júlio de Mesquita Filho e
Prudente de Moraes Neto; e na Manchete, com Adolpho Bloch.
Estudou na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e na
Universidade do Rio de Janeiro, pela qual se formou em Direito. Chegou a
advogar durante sete anos.
Como repórter free-lancer, entrou para a Manchete, criando a seção
"Posto de Escuta", que escreveu durante 40 anos. Nessa mesma época,
dirigiu e apresentou na TV-Rio, com Bony, Walter Clark e Péricles do
Amaral, o programa político Congresso em Revista, que ficou no ar
ininterruptamente durante sete anos, sendo a princípio produzido e
apresentado no Rio e, depois, em Brasília.
Viveu em Brasília de 1960 a 1965, que testemunhou em centenas de
reportagens. Construiu ali a sede de Bloch Editores e da Manchete e foi,
a convite de Darcy Ribeiro e de Pompeu de Souza, professor de Técnica
de Jornalismo na Universidade de Brasília.
Em trabalhos jornalísticos, acompanhou os ex-presidentes Juscelino
Kubitschek a Portugal; Jânio Quadros a Cuba; João Goulart aos Estados
Unidos, ao México e Chile; Ernesto Geisel à Inglaterra e à França; e
José Sarney a Portugal e aos Estados Unidos.
Cobriu a Guerra do Vietnã, com o fotógrafo Gervásio Baptista, em 1967, e
foi o primeiro jornalista brasileiro a cobrir a Guerra do Camboja, com o
fotógrafo Antônio Rudge, em 1973, tendo chegado a Saigon e Phnom-Penh,
via Tóquio.
Sexto ocupante da Cadeira nº 20 da ABL, foi eleito em 25 de março de
1999, na sucessão de Aurélio de Lyra Tavares e recebido em 7 de junho de
1999 pelo Acadêmico Arnaldo Niskier.
Fonte: G1 RN
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