Jovens participavam de caminhada contra o racismo pelas ruas do bairro das Quintas, na Zona Oeste da cidade. Guarda Municipal apreendeu suspeito, de 17 anos, no local do crime.
Por Inter TV Cabugi e g1 RN
José Luiz Nascimento na caminhada com a escola, pouco antes de ser esfaqueado por colega. Ele tinha 14 anos de idade — Foto: Redes sociais
"Os dois se encontraram e o rapaz que efetuou as facadas o chamou. O garoto foi ao encontro e o rapaz fez o que todos sabemos. O garoto tentou correr, mas não teve êxito, já tinha sido esfaqueado e perdeu as forças".
Foi assim que uma testemunha, que preferiu não se identificar, descreveu o momento em que o estudante José Luiz Nascimento, de 14 anos, foi esfaqueado por um colega, de 17, em um evento escolar no bairro das Quintas, na Zona Oeste de Natal.
O crime aconteceu em plena luz do dia e à vista de dezenas de pessoas na Rua Pedro Novoa, nas proximidades do Mercado Público das Quintas.
"Quando a gente escutou a gritaria, foi ver o que era. Então vimos o rapaz saindo do beco, atrás da vítima já. E o pessoal na rua chorando", disse uma outra testemunha do crime, que também preferiu não se identificar.
Após ser esfaqueado, José caiu na calçada de um supermercado, onde recebeu a ajuda de populares até a chegada do atendimento médico.
O garoto chegou a ser levado para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, mas não resistiu aos ferimentos. O suspeito do crime foi apreendido.
A testemunha conta que o sentimento foi de desespero entre os que presenciaram o fato. "As pessoas bem desesperadas, bem aflitas. A gente não para de pensar, muita gente não conseguiu dormir".
Liberação do corpo
O corpo de José Luiz Nascimento não havia sido liberado pelo Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) até a manhã deste sábado (8) por conta da ausência da carteira de identidade, que pode comprovar a digital. Diante do fato, a Defensoria Pública do Estado foi acionada.
"Em casos em que não há documentos de identificação a família procura o plantão da Defensoria e é feito um pedido de Alvará Judicial para Sepultamento. Isso por que o corpo ainda não tem um atestado de óbito, ele é liberado para a família sepultar, mas a identidade ainda será confirmada. A DPE protocola na justiça e o juíz de plantão analisa o pedido", explicou, em nota, a Defensoria.
Nesses casos, segundo a Defensoria, a família precisa apresentar indícios do parentesco e também deverá indicar o local em que o corpo será sepultado para ficar registrado oficialmente.
"No caso dele a confirmação deve ser rápida visto que a família informou que ele possui certidão de nascimento, bastando os documentos dos pais. Assim, quando comprovada a identidade do corpo é feito o atestado de óbito oficial", informou a Defensoria.
O caso
O estudante foi morto a facadas na tarde desta sexta-feira (7) por um colega, de 17, em um evento da escola pelas ruas do bairro das Quintas, na Zona Oeste de Natal.
Crime aconteceu na tarde desta sexta-feira (7) — Foto: Reprodução
De acordo com a Guarda Municipal, que acompanhava o evento e registrou a ocorrência, os dois eram alunos da Escola Municipal Ferreira Itajubá, que promovia uma caminhada contra o racismo pelas ruas do bairro.
De acordo com a Guarda Municipal, o crime teria sido cometido por ciúmes: o adolescente de 14 anos teria uma relação com a ex-namorada do suspeito.
O adolescente de 17 anos, suspeito de ter desferido as facadas, foi apreendido no local pela Guarda Municipal de Natal e conduzido para a Delegacia Especial de Atendimento ao Adolescente (DEA).
Em nota, a prefeitura de Natal externou solidariedade com a família do adolescente vítima das facadas durante a caminhada promovida pela escola.
"A morte do adolescente provocada por outro estudante da mesma escola causa enorme perplexidade em toda a comunidade escolar, como de resto em toda a população. Ainda que provocada por históricos de conflito pessoal, como foi o caso da registrada no evento", disse a prefeitura.
A prefeitura informou também que, através das secretarias, vai oferecer suporte à família da vítima, garantindo adoção das medidas assistenciais imediatas e "todo apoio que venha a ser necessário".
Fonte: G1 RN
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