O simbolismo de Purim
Uma das lições de Purim é que a última palavra sempre pertence a Deus, não importa quão grandes trevas nos cerquem.
No próximo dia 24 de março, celebra-se a Festa de Purim, cuja história está repleta de mistérios e lições aplicáveis ainda hoje, além de conter diversos simbolismos para os cristãos.
O livro de Ester é uma história tão empolgante que parece mais um roteiro de cinema. Inclui um concurso de beleza, uma trama de assassinato contra o rei, um homem maligno com sede de poder que arquiteta um plano genocida para exterminar todos os judeus do império, e dois personagens heroicos que nos transmitem lições impactantes para uma vida de fé e coragem.
Os personagens de ontem representam os de hoje
Ester é um tipo da Noiva do Messias que comparece perante o Rei para interceder por toda uma nação, colocando sua própria cabeça em risco, não amando mais a si mesma que a seus próximos. Mordecai é um tipo de judeu piedoso que não se dobra diante de outros deuses e aguarda a manifestação do Messias para salvar todo Israel. Hamã é um tipo do inimigo de Deus, o espírito do anti-Cristo que se levanta para aniquilar seu povo.
O decreto para destruição do povo de Israel, há mais de 2.500 anos, na Pérsia antiga, era a situação impossível enfrentada pelos judeus no exílio. É nesse ponto que entram em cena Mordecai e Ester, separados por Deus para operar um grande livramento. Os personagens de ontem representam os de hoje e nos trazem ensinamentos valiosos ao longo das eras.
A vida de Mordecai demonstra a lei da semeadura e nos leva a refletir sobre a necessidade de nunca desanimar em fazer o bem, pois, em seu devido tempo, colheremos (Gálatas 6:9). Ele poupou a vida do rei ao expor a trama para matá-lo não porque pensava que seria promovido ou honrado, mas porque era a coisa certa a ser feita. É movido por um espírito íntegro e correto que caminha lado a lado com sua devoção a Deus. Seu reconhecimento pelo rei não veio atrasado, mas no perfeito tempo para livrá-lo da morte por seu inimigo, trazendo junto a si uma sentença reversa de honra. Mordecai é uma inspiração para todo aquele que se acha injustiçado. Quem faz o bem, cedo ou tarde, será recompensado.
“Para tal tempo como este”
Ester é bela e formosa e, como representante da Noiva do Messias, remete-nos às palavras de Paulo: uma Noiva sem mácula e sem rugas (Efésios 5:27), o que aponta para sua integridade e pureza. Em vez de se orgulhar de sua beleza, Ester exuberava um espírito humilde, porém corajoso, e intercessor, pronto para sofrer o dano se necessário fosse.
Ester se mostra obediente a seu pai adotivo, Mordecai, e é bem-sucedida. Primeiro, seguindo a ordem de Mordecai para esconder sua identidade judaica. Ao agir assim, ela desvia de si toda atenção contrária. Segundo, quando Mordecai a insta a comparecer diante do rei Assuero para interceder por seu povo. Ela fica indecisa e temerosa, pois isso podia lhe custar a vida. Entretanto, diante das palavras inesquecíveis de Mordecai em Ester 4:14 e que resumem a história de Purim, ela decide obedecer, pois compreende que foi “para tal tempo como este” que foi alçada à posição de rainha.
Isso nos leva a refletir sobre nosso papel de nunca nos omitirmos. Se seguimos a Palavra de Deus e obedecemos à sua voz, precisamos sempre nos posicionar do lado correto, em prol de seus mandamentos e contrário a toda situação de injustiça e pecado. Ester estava em uma posição confortável, mas, ao ser confrontada por Mordecai, percebeu que, se nada fizesse, não apenas sofreria um dano maior. Seria culpada diante de Deus por omissão e esse é um pecado do qual pouco é falado (Tg. 4:17).
À semelhança de Ester, todos também fomos colocados em posições dadas por Deus, não importa o que isso signifique aos olhos dos homens. No momento certo, precisaremos revelar nossa real identidade, como fez Ester, e nos posicionar ao lado dos valores eternos da Palavra de Deus, contrário ao pecado e ao mal. Se virmos o mal prosperar e nada fazemos do que está ao nosso alcance a fim de contrapô-lo, seremos devidamente cobrados por Deus.
Uma mensagem de esperança
Outra lição de Purim é que a última palavra sempre pertence a Deus, não importa quão grandes trevas nos cerquem. Não importa quão terrível seja a situação, ou quão desalentador seja um diagnóstico médico, ou quão caótica seja uma situação familiar. Deus é capaz de reverter qualquer que seja a circunstância em nosso favor, de elevar-nos de uma queda a grandes alturas. A última palavra não pertence ao inimigo, mas a Deus somente. Ele é o Amém em nossas vidas.
Purim nos faz lembrar, ainda hoje, que o espírito de Hamã prossegue buscando oprimir e aniquilar o povo eleito. No entanto, também nos mostra a bela face de Ester, a Noiva do Rei, pronta a entrar em sua presença com ousadia a fim de interceder poderosamente por Israel, a Oliveira em que foi enxertada, e por sua salvação. Não com um coração altivo, mas com um espírito manso e humilde, com jejum e com fé, capaz de ganhar o favor do Rei para que Ele possa operar mais um livramento, na hora mais escura dos tempos do fim. Que possamos ser essa Noiva como Ester, pois, para tal tempo como este, chegamos ao Reino de Deus, a fim de que se cumpra em nós seus santos propósitos.
A mensagem de Purim é, antes de tudo, uma mensagem de esperança. Instiga-nos a acreditar que, ainda que as circunstâncias nos sejam contrárias, Deus é poderoso para reverter qualquer mal. Ele é capaz de transformar maldição em bênção, de converter as trevas mais densas em luz.
Getúlio Cidade é escritor, tradutor e hebraísta, autor do livro A Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo e do blog www.aoliveiranatural.com.br
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: A lei da bênção e da maldição
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