COMERCIANTES QUE TRABALHAM NA BEIRA DA BR -304 NA CIDADE DE CAIÇARA DO RIO DOS VENTOS NO RIO GRANDE DO NORTE, TÊM PREJUÍZOS APÓS BLOQUEIO NA ESTRADA; 'MAL DÁ PARA SOBREVIVER', DIZ VENDEDORA
PONTE CAIU NO INÍCIO DO MÊS DE ABRIL APÓS FORTES CHUVAS, E INTERDIÇÃO NO TRECHO AFETOU LANCHONETES, RESTAURANTES, VENDEDORES DE PRODUTOS REGIONAIS E POSTOS DE COMBUSTÍVEL.
Por g1 RN e Inter TV Cabugi
Comerciantes que trabalham na beira da BR-304 no Rio Grande do Norte têm relatado prejuízos financeiros desde que uma ponte caiu na cidade de Lajes e causou a interdição de parte da estrada, no início do mês de abril. (Veja reportagem acima).
O problema foi causado por um rompimento de uma barragem privada, e um desvio está sendo construído pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para ser usado até que o trecho seja totalmente reformado. Recentemente, o desvio foi alagado e cronograma inicial de 15 dias para conclusão do desvio pode ser alterado, segundo o órgão.
O Dnit estima que 70 carros passavam no trecho por dia. Entre os que foram afetados com a redução do fluxo estão vendedores de produtos regionais na beira da estrada, donos de padarias, restaurantes e lanchonetes, e até proprietários e funcionários de postos de combustíveis.
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Com menos carros passando na via, há menos movimento nos estabelecimentos. Alguns deles, inclusive, tiveram que demitir para poder conseguir pagar a todos os funcionários neste momento.
Esse foi o caso da empresária Mércia Danielle, dona de uma padaria na beira da estrada na cidade de Caiçara do Rio do Vento, cidade bem próxima de onde a estrada foi interditada. Ela precisou demitir três pessoas desde que o movimento diminuiu na BR-304.
Em cerca de 15 dias, os 11 funcionários que ela tinha viraram 8. A empresária conta que o movimento caiu pelo menos 40% neste período.
"A gente teve que diminuir o pessoal, porque no fim do mês todo mundo vai receber, óbvio, eles estão trabalhando para isso. E aí, se for para não ter [como pagar]... é melhor a gente dar uma diminuida, mas ter como", explicou.
POSTO DE COMBUSÍVEL: SEM FRENTISTA E REDUÇÃO DE VEÍCULOS
Quem também sofreu com isso foi o motorista Francisco Jardeson, que atualmente vive de bicos, mas havia feito testes para trabalhar como frentista em um posto de combustíveis no início do mês.
Por conta do problema na estrada e da redução de carros no trecho, a contratação dele foi suspensa.
"E até quem está trabalhando no posto está com medo de ficar desempregado. Enquanto não resolver essa ponte, ou esse desvio, o movimento do posto é esse", contou Jardeson
Segundo o gerente do posto, Alan Azevedo, a redução foi instantânea - assim que houve a interdição da ponte. Ele diz que vendia cerca de 20 mil litros de combustível por dia. "Agora são uns 6 mil litros por dias. Eram cerca 150 carretas por noite, agora no máximo 3", lamentou.
Vendas fechadas em Caiçara do Rio do Vento, na BR-304 — Foto: Cléber Dantas/Inter TV Cabugi
'SE A GENTE DESISTIR É PIOR'
A comerciante Ana Lúcia Barbosa decidiu fechar a lanchonete que mantinha na margem da estrada na cidade de Caiçara do Rio do Vento enquanto o fluxo de veículos não voltar ao normal. Segundo ela, abrir neste período só daria prejuízos.
"A gente trabalha para o pessoal da BR-304, não é nem para a cidade. Vendemos água, coco, coisas que as pessoas que passam na BR precisam. Coisas de alimentação. Às vezes ele passam e muitos param. Isso prejudicou a gente", lamentou.
Já a comerciante Maria Lúcia Costa, apesar da queda das vendas no ponto comercial que ela possui na cidade de Riachuelo neste período, decidiu não fechar as portas. Ela trabalha há 13 anos no local.
Antes da interdição, a comerciante vendia mais de 15 quilos de feijão por dia. Depois disso, conta que está difícil vender um.
"Dava pra sobreviver, a gente tinha o dinheiro para pagar a feira. Hoje em dia a gente está trabalhando aqui, com a BR parada. Infelizmente, mal está dando pra sobreviver. O pouco que tem é isso aqui", lamentou.
Vendas caíram na BR-304 — Foto: Cleber Dantas/Inter TV Cabugi
Mesmo com a queda de clientes, ela acorda todos os dias às 5h e trabalha no ponto até 21h.
"Está difícil, mas se a gente desistir é pior. Tem que continuar sempre. Confiando em Deus a gente chega lá", disse.
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