O efeito tacacá
Vivemos dias em que cada um segue o seu próprio interesse, o egoísmo reina, a tecnologia, a teologia e as ações são usadas para fins narcisistas
Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias (Mateus 15:19).
Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:2).
Em 2023 a comida mais procurada no Google foi o tacacá do Pará (que por sinal, se você nunca provou, tem que provar!). Talvez muitos não saibam, mas isso se deu por causa de uma artista paraense cantar uma música, que ficou popular, citando a iguaria tão especial, o tacacá.
Efeitos colaterais existem em tudo. Alguns chamam da lei da atração, outros chamam da lei de causa e efeito, outros acreditam que é o destino, enfim há várias formas para tentar definir um efeito colateral, mas poucos param para pensar que quando Deus criou o mundo, estabeleceu uma correlação em tudo e todos, para que houvesse organização, cooperação e intencionalidade de generosidade mútua.
Tudo que fazemos gera algo positivo ou negativo. Como uma história que minha esposa me contou: Certo dia o diabo decidiu “causar” despercebido. Ele viu um cavalo amarrado numa cerca, que delimitava dois terrenos com dois donos distintos. Ao soltar o cavalo, esse passou para o terreno vizinho e começou a fazer uma arruaça na plantação de milho.
O dono do milharal vendo isso, matou o cavalo. O dono do cavalo revoltado, matou o vizinho. O filho do vizinho, morto pelo dono do cavalo, foi e assassinou o vizinho que matara o seu pai. Uma alfétena se despertou na vizinhança, uma família matando outra, a ponto de ficar incontrolável. Até que alguém perguntou ao diabo, por que você causou tudo isso? E o diabo respondeu, eu só soltei o cavalo.
Quantas pessoas agem como o diabo, “Soltando o cavalo dos outros”, e causando discórdias, dissenções, problemas, intrigas e, dissimuladamente, dizem: “Mas, não fiz nada!”. Não é para tanto essa sua repreensão. Só soltei o cavalo. Enquanto não entendermos que o “efeito tacacá” existe, em que uma canção despertou curiosidade para uma comida regional (o que foi ótimo, não é uma crítica), ao contrário do diabo que despertou uma discórdia por soltar o cavalo, não seremos sábios o suficiente para gerar efeitos bons e não ruins, porque não nos isentaremos de nossas responsabilidades por nossas atitudes.
Vivemos dias em que cada um segue o seu próprio interesse, o egoísmo reina, a tecnologia, a teologia e as ações são usadas para fins narcisistas, causando consequências, muitas vezes indeléveis na alma das vítimas de ações malignas como a do diabo, só soltei o cavalo.
A Bíblia diz: Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear isso também colherá (Gálatas 6:7). Toda árvore é reconhecida por seus frutos. Ninguém colhe figos de espinheiros, nem uvas de ervas daninhas (Lucas 6:44). Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. Romanos 6:23
Uma música, uma palavra, uma atitude podem gerar bênção ou maldição. Cabe a cada um de nós, saber o que está semeando, para entender o que será colhido nas nossas vidas, e nas dos outros.
Que Deus seja honrado por suas atitudes, palavras e intencionalidades, caso contrário, você se tornará num estagiário do diabo, em que sarcasticamente dirá: Eu só soltei o cavalo!
Fernando Moreira (@prfernandomor) é pastor na Igreja Batista do Povo. Bacharel em Ciência da Computação e Teologia, com mestrado em Ciência da Computação e doutorado em Teologia. (@FernandoMoreiras). É membro da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil, associado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Executivo numa multinacional de tecnologia, mentor de carreiras executivas, conselheiro administrativo, palestrante, conferencista e autor de 8 livros.
* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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