Capital potiguar tem pelo menos seis pontos impróprios para o banho neste fim de semana, segundo análise do programa Água Azul.
Por Igor Jácome, g1 RN
Praia de Ponta Negra com Morro do Careca ao fundo, em Natal — Foto: Igor Jácome/g1
Um dos principais cartões postais de Natal, a praia de Ponta Negra, tem 16 vezes mais coliformes fecais na água que o limite aceitável pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), o que torna os trechos analisados impróprios para o banho neste fim de semana.
Os dados são do boletim de balneabilidade das praias da região metropolitana de Natal, divulgado nesta sexta-feira (24) pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema).
Em dois trechos da praia da Zona Sul da capital, o valor obtido na última amostragem foi de 16 mil coliformes fecais por 100 ml de água, quando o limite é de mil coliformes fecais por 100 ml, segundo o coordenador do programa Água Azul, o geólogo Ronaldo Diniz.
O levantamento tem como base os limites estabelecidos pelo pela Resolução N° 274 do Conama.
"Para classificar a praia como imprópria, a gente usa os resultados de cinco semanas. Se dois ou mais desses cinco resultados possuírem mais de mil coliformes fecais por 100 ml de água, essa praia está imprópria. E se na análise mais recente tiver mais de 2.500 coliformes fecais, com apenas esse resultado ela já é classificada como imprópria. Ou seja, a praia está 16 vezes acima do limite de mil e seis vezes acima do limite de 2,5 mil", explica Ronaldo, que coordena o estudo de balneabilidade há 23 anos.
No trecho da Praia de Areia Preta, na Zona Leste da cidade, perto da escadaria de Mãe Luiza, o levantamento semanal encontrou uma contaminação ainda maior: 24.000 coliformes termotolerantes nas amostras de até 100 ml de água - ou seja - um valor 24 vezes maior que o limite de 1 mil coliformes por 100 ml.
Ainda de acordo com Ronaldo, a presença elevada de coliformes fecais em praias da capital e da região metropolitana são causados por diferentes fatores. Porém, no caso de Ponta Negra, ele explica que a suspeita é de instalações irregulares de esgoto em galerias pluviais (que deveriam receber apenas água da chuva), bem como o contrário - ligações de águas da chuva no sistema de esgoto.
"No caso de Ponta Negra, o que nós vemos são um conjunto de ligações clandestinas de águas contaminadas nas galerias pluviais, nas instalações que deveriam conter apenas água da chuva, mas acabam recebendo esgotos não tratados, principalmente doméstico. E às vezes nós temos ligações clandestinas de água de chuva nas ligações de esgoto. A área de Ponta Negra é saneada, então essas instalações não suportam, no período que chove mais, e elas chegam a extravasar pelas tampas vistas ao longo do calçadão. Essa rede fica sobrecarregada e joga tudo diretamente na praia. Essa é a causa mais provável de ter ocorrido em Ponta Negra nesta semana", afirmou.
Em Areia Preta, o professor acredita que o problema também é causado por ligações clandestinas. "Essa água da chuva chega com grande quantidade de esgotos não tratados", pontuou.
Dos 33 pontos de praias e rios da Grande Natal, analisados pelos pesquisadores nesta semana, sete estavam impróprios: seis deles em Natal e um em Nísia Floresta, na região metropolitana. Três dos pontos impróprios na capital foram na praia de Ponta Negra. Veja abaixo:
Trechos e quantidade de coliformes por 100 ml de água na última análise
- Nísia Floresta/Foz do Rio Pirangi - 1.340 na última análise
- Natal/Ponta Negra/acesso principal - 16.000 na última análise
- Natal/Ponta Negra/Rua C.G. Teixeira - Escadaria - 16.000 na última análise
- Natal/Ponta Negra/Rua R. S. Medeiros - 9.200 na última análise
- Natal/Via Costeira (Barreira D'Água) - 2.800 na última análise
- Natal/Areia Preta (Escadaria de Mãe Luiza) - 24.000 na última análise
- Natal/Redinha (Rio Potengi) - 3.500 na última análise
Nenhum dos pontos analisados nos municípios de Parnamirim e Extremoz, também na região metropolitana, foram considerados impróprios no boletim.
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