Charles Sá segue internado e aguarda 'audiência preliminar sob vigilância das autoridades policiais, por se tratar de um estrangeiro'.
Por Igor Jácome, g1 RN — Natal
O médico Charles Sá e sua esposa Natale Gontijo, que morreu em acidente na África — Foto: Reprodução
O médico brasileiro Charles Sá que se envolveu em um acidente de carro que vitimou nove pessoas na Namíbia, entre elas suas esposa, a também médica Natale Gontijo, relatou nas redes sociais que se sente "destruído", que perdeu o amor de sua vida e que aguarda as autoridades locais. "Não sei como será meu amanhã", disse.
O casal estava de férias e pretendia fazer um safári por diferentes países do continente africano.
Charles fez um relato do acidente em um comentário publicado na postagem de um amigo. No texto, o médico relatou que ficou desacordado após a colisão e não tem muitas memórias do caso.
"Estou aqui vivo, com uma pequena fratura na coluna aguardando as autoridades locais. Não entendi ainda o porquê fiquei vivo, mas Deus deve estar com alguns planos para mim. Este acidente aconteceu no nosso deslocamento na rodovia. Aqui é mão inglesa. Na batida, fique desacordado, não lembro de muita coisa", afirmou o médico.
O médico ainda ressaltou que havia 8 pessoas no outro veículo e que nunca tinha se envolvido em um acidente de carro em toda a sua vida. "Esta foi a primeira vez", pontuou. Ele foi o único sobrevivente.
No relato, o médico ainda ressaltou que o teste do bafômetro feito com ele teve resultado negativo.
Médico Charles Sá e a esposa Natale Gontijo, que morreu em acidente na África — Foto: Reprodução
"Natale ainda saiu viva e morreu no hospital. Infelizmente, estou destruído e não estou me importando com muita coisa. Perdi o amor da minha vida. Não sei como será meu amanhã", declarou.
No comentário, o médico ainda agradeceu pelas orações e "boas energias" enviadas por amigos.
Segundo a Embaixada Brasileira em Windhoek, capital do país africano, Charles Sá, segue hospitalizado na cidade de Otjiwarongo e não pode ser considerado preso.
"Ele não está encarcerado e nem condenado. Está apenas aguardando sua audiência preliminar sob vigilância das autoridades policiais, por se tratar de um estrangeiro", disse a embaixada em nota, no último sábado (22).
O acidente ocorreu na última terça-feira (18), com a colisão frontal entre dois carros em uma rodovia entre as cidades de Otjiwarongo e Otavi, na Namíbia. Charles conduzia um dos veículos e teria provocado o acidente por conta de uma ultrapassagem.
A embaixada reforçou que o brasileiro "ainda não é réu" e que "ainda não há processo judicial formalizado contra ele".
"A audiência provavelmente será nesta semana, a depender da condição médica dele. Ele não corre risco de vida, mas ainda possui necessidade de acompanhamento médico", destaca a nota.
Charles Sá está internado em um hospital na cidade de Otjiwarongo. Segundo a embaixada, foi identificada uma fratura em uma vértebra e "ele não poderá se mover muito e precisa de acompanhamento médico constante".
O brasileiro pretendia cruzar países da África fazendo um safári expedicionário somente com sua esposa, sem guias. A mulher de Charles, a cirurgiã plástica Natale Gontijo, estava no carro com ele e foi uma das nove vítimas do acidente.
Ainda de acordo com a embaixada, o corpo de Natale foi recebido na capital Windhoek na sexta-feira (21) e passou por perícia médica. "Ainda não se tem previsão do prazo para liberação do corpo", diz a nota.
Natale era mineira, tinha residência com o marido no Rio de Janeiro e trabalhava atualmente em Verona, na Itália. O casal também possuía clínicas em Natal e em Belo Horizonte.
Charles e Natale se conheceram durante o curso de cirurgia plástica e estavam casados há mais de 20 anos.
O Ministério das Relações Exteriores, em nota, informou que acompanha o caso desde que foi notificado a respeito, na manhã do dia 19 de junho. "A Embaixada determinou o deslocamento imediato de funcionário do posto para a cidade de Otjiwarongo, perto de onde ocorreu o acidente. A Embaixada permanece em contato permanente com as autoridades locais e com os familiares dos brasileiros, a fim de prestar a assistência consular devida de forma mais eficiente".
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