VAR: a revolução da arbitragem
A Fifa existe desde 1904 e nesses 114 anos de vida introduziu várias mudanças nas regras do futebol. E a criação do Video Assistant Referee, o VAR, talvez tenha sido o que tenha causado mais polêmica. Ao lançar o VAR, a Fifa teve a intenção de tentar acabar com as polêmicas da arbitragem, criando um sistema de apoio ao vivo para os árbitros, lhes dando a opção de mudar decisões que poderiam influenciar a pontuação ou os incidentes da partida.
O VAR funciona com três árbitros numa sala repleta de monitores e com todas as possíveis jogadas para analisar e ajudar o árbitro com qualquer jogada controversa ou decisão que já tenha sido tomada. O sistema tem o objetivo de resolver todas as dúvidas que costumam atormentar os juízes durante uma partida e causar muitas reclamações dos clubes, como marcação de faltas e pênaltis. O VAR já está funcionando em alguns campeonatos da Europa como Espanha e Itália, mas a Inglaterra ainda resiste.
No sorteio que definiu o mata-mata da Liga dos Campeões, a Uefa garantiu que todos os jogos da próxima fase do maior torneio dos clubes europeu vão utilizar o recurso. Na América do Sul, o VAR foi utilizado na Libertadores e na Copa Sul-Americana e continuará em vigor nas próximas edições das competições.
O grande teste do VAR aconteceu na Copa do Mundo disputada, neste ano, na Rússia. Na competição, o árbitro de vídeo foi utilizado em diversas partidas e determinou mudanças de resultado e influindo na classificação final das seleções. Para dirigentes da Fifa, o VAR teve um índice de 99,3% de acertos. Segundo dados da entidade que controla o futebol mundial, a tecnologia foi utilizada para 445 revisões de lances até a semifinal da Copa do Mundo, obtendo uma média de aproximadamente sete consultas por partida. E a partir dessas consultas e revisões, foram alteradas 17 decisões finais.
INFANTINO APROVA
Para Gianni Infantino, presidente da Fifa, o sistema foi inteiramente aprovado e ninguém mais vai conceber uma competição importante sem auxílio da tecnologia. Para o dirigente, o árbitro de vídeo não veio para modificar o futebol, mas para torná-lo mais limpo, mais honesto, mais transparente e mais justo, considera.
Infantino disse que o VAR vai permitir que jamais um gol em impedimento seja validado porque esta é uma decisão que não pede interpretação. Ou o jogador tem condições, ou não tem. E a imagem é implacável.
Infantino alertou ainda para o fato de não ter havido nenhum cartão vermelho por atitudes violentas durante a competição mundial. "Os jogadores sabem que todo o mundo vai saber, graças às câmaras e às imagens 360 graus que mostram se agrediram ou não um adversário", afirma.
NO BRASIL
No Brasil, o árbitro de vídeo ainda tem sido pouco usado, segundo a CBF, por motivos financeiros, porque muitos clubes se recusam a pagar para ter o auxílio da tecnicologia. O VAR foi utilizado durante parte da Copa do Brasil, principalmente nas fases finais. A CBF ainda não definiu se o recurso será utilizado no Brasileiro do próximo ano. Para a competição do próximo ano, Ricardo Bretas, diretor do VAR da entidade, disse que a CBF pretende montar projetos com preços diferentes para tentar convencer os clubes a investir no sistema até porque, novamente, a CBF não pretende seguir bancando a implantação do mecanismo. A ideia é apresentar projetos mais baratos com concorrência com outras operadoras.
Segundo dados também fornecidos pela CBF, o custo do VAR na Copa do Brasil foi de R$ 50 mil por jogo. Quem realiza o serviço é a empresa Broadcast, que já fornecia serviços para a Rede Globo como produtora de imagens. Para contratar a referida empresa, Ricardo Bretas disse que a entidade priorizou a que tivesse a maior capacidade técnica para que o projeto não fosse comprometido.
No Brasil, o VAR tem funcionado de uma forma um pouco diferente do que aconteceu na Copa do Mundo. Em agosto, a CBF divulgou uma espécie de manual sobre a utilização da tecnologia no futebol. As instruções básicas têm de ser iguais às aplicadas pela Fifa na Copa por conta do protocolo internacional, mas alguns detalhes não estão se repetindo no futebol brasileiro.
O VAR é utiliado para lances capitais de gol, como impedimento, marcação de pênaltis, cartões vermelhos (incluindo ofensas) e identidade equivocada de um jogador que cometeu ato para expulsão. A tecnologia só está sendo usada após o árbitro de campo ter tomado uma decisão. Pelo protocolo, só pode ser utilizado para erros claros, não para lances interpretativos.
PROCEDIMENTO
Nas competições disputadas no Brasil, a consulta ao VAR deve ser feita de forma silenciosa pelo árbitro de vídeo que manda seguir se não houver irregularidade. Caso o árbitro de vídeo veja um problema, pode indicar a revisão da decisão do juiz de campo que também pode pedir para ver o lance. Neste caso, a revisão será feita em uma tela ao lado do campo, e o árbitro sinalizará para os torcedores. A revisão só pode ser feita se o jogo não tiver sido reiniciado.
A CBF instruiu seus árbitros a tomar o tempo necessário para fazer a revisão do lance, sendo mais importante acertar do que a demora para ter uma palavra final. Na Copa da Rússia-2018, a Fifa indicou que houve pouco tempo perdido com paralisações. A comissão de arbitragem da CBF estima paradas em 50 segundos e um minuto, mas admite que a paralisação pode se estender por mais tempo.
Nos jogos com árbitro de vídeo disputado na atual temporada, cada partida teve entre 14 e 16 câmeras disponíveis com imagens captadas pela TV Globo e pela Fox Sports. Pelo protocolo, as imagens têm que ser as mesmas vistas pelos torcedores e as emissoras não podem ter imagens que não sejam mostradas à confederação. A comissão de arbitragem da CBF orientou os juízes de VAR a olhar o máximo de ângulos possíveis, e não se fixar apenas na primeira percepção de uma câmera.
Todas as ações e comunicações na sala do VAR foram gravadas pela CBF. Esse material foi utilizado para defender a entidade nos casos de ataques a integridade da competição ou para educar árbitros. Mas o material não foi disponibilizado para clubes que se sentiram prejudicados por decisões do árbitro a não ser em casos excepcionais.
Fonte: JCNET
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