Promotor explicou que não foi possível formar o número de jurados necessários. Julgamento foi adiado para o início do mês de julho.
Por g1 RN e Inter TV Cabugi
Família e amigos de Gabriel protestaram após adiamento do júri — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
O júri popular dos quatro policiais militares acusados da morte do jovem Giovanni Gabriel de Souza Gomes, que estava marcado para esta segunda-feira (4), foi adiado por não conseguir completar o número de jurados necessários.
Giovanni Gabriel foi morto em junho de 2020, aos 18 anos de idade. O corpo dele foi encontrado em São José de Mipibu, na Grande Natal. A história ficou conhecida como "Caso Gabriel".
Marcado para ocorrer na 1ª Vara Criminal da Comarca de Parnamirim, o julgamento foi adiado para o início do mês de julho.
Segundo o promotor de Justiça Vinicius Lins, era necessário formar sete jurados para o julgamento, número que não foi alcançado devido à falta de consenso em relação aos nomes. Ao todo, 19 jurados compareceram.
"A lei permite que a defesa e a acusação tenham recusas. Três para cada acusado, o que daria 12 no total. E de acusação apenas três. E aí no final das contas não conseguimos formar esses 7 jurados", explicou.
Uma das questões envolvidas, segundo o promotor, é uma possível falta de isenção entre os jurados que estavam previstos para o julgamento.
Gabriel tinha 18 anos e morava no Guarapes — Foto: Cedida pela família
"Teve um dos jurados que disse que tinha uma amizade com um dos réus e, de imediato, a acusação negou, porque nós pensamos que os sete jurados tem que ter a imparcialidade necessária pra julgar o caso com isenção", explicou.
"A acusação lamenta muito, se solidariza com a família, a gente sabe que estão perseguindo por justiça", disse o promotor.
Caso Gabriel
De acordo com as investigações da Polícia Civil, o jovem teria sido assassinado após ser confundido com um assaltante de carro. Os policiais militares são acusados do crime de homicídio.
"A acusação está convicta de sua tese, de que os quatro policiais são responsáveis pela morte de Gabriel. Irá sustentar no início de julho. A acusação se baseia numa prova muito fundamentada, de um trabalho feito pela Polícia Civil. E nada muda no início de julho", garantiu o promotor de Justiça Vinícius Lins.
Em março, o juiz da 15ª Vara Criminal de Natal absolveu os militares das acusações de sequestro e ocultação de cadáver.
"Apesar da acusação grave que paira sobre os acusados, mais precisamente a prática do crime de sequestro e ocultação de cadáver, não vislumbrei prova suficiente que possa me convencer de que foram os mesmos que praticaram tais crimes", disse na sentença.
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Desaparecimento
Gabriel deixou a casa onde vivia com a mãe, a irmã e o padrasto, no bairro Guarapes, na manhã do dia 5 de junho de 2020 para ir de bicicleta à casa da namorada em Parnamirim, na Grande Natal.
Ele fazia o trajeto em cerca de uma hora, mas sumiu antes de chegar ao destino. A namorada de Gabriel ligou preocupada para a mãe dele. Desde então o jovem não foi mais visto.
Familiares e amigos iniciaram a busca por Gabriel e chegaram a encontrar as sandálias e a bicicleta dele em uma área de vegetação em Parnamirim.
O corpo foi encontrado no dia 14 de junho de 2020 com perfurações no crânio, provavelmente provocadas por arma de fogo, e com braceletes de plástico presos nos pulsos, de acordo com a perícia do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep).
Abordagem após buscas por carro roubado
As investigações apontaram que, após o roubo de um carro em Parnamirim, a PM foi acionada para tentar recuperar o veículo. O dono do carro é irmão de um dos policiais militares suspeitos. Esse PM acionou os colegas para darem apoio na recuperação do veículo, que possuía rastreador.
Diversos policiais foram contatados para atender a ocorrência e se deslocaram até a região onde apontava o GPS. Ao longo das buscas, uma guarnição da Polícia Militar chegou ao local onde o veículo estava, presenciando o momento no qual os criminosos estavam retirando os pertences do veículo.
Os suspeitos do roubo, ao visualizarem a viatura, fugiram pela região de mata. Os policiais deram continuidade às buscas, ingressando na mata.
No local, alguns policiais militares abordaram o jovem Gabriel e se certificaram da história dele. Após alguns momentos de detenção, eles liberaram o jovem. Ao sair da região de mata, Gabriel foi visto por populares que avisaram a uma outra viatura que também realizava as buscas no local.
Nessa viatura, estavam os três cabos presos, que haviam sido acionados pelo sargento. De acordo com a Polícia Civil, os militares então abordaram o jovem Gabriel, que chegou a informar aos policiais que já havia sido liberado pela outra viatura. Mesmo assim, o jovem foi colocado na mala do veículo, sendo este o último momento em que foi visto com vida.
As investigações apontam que os três policiais executaram a vítima e se deslocaram até o município de São José do Mipibu, onde deixaram o corpo, que foi encontrado no dia 14 de junho de 2020, em uma região de mata na comunidade Pau Brasil, a 30 km de Natal e a 20 km de Parnamirim.
De acordo com as investigações, os três cabos que estavam na viatura, desde o momento que abordaram o jovem Gabriel, mantiveram um estreito processo de comunicação com o sargento, irmão da vítima do crime de roubo em Parnamirim.
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