População precisa driblar os buracos, o piso desnivelado e a crônica falta de acessibilidade urbana em um dos principais corredores comerciais da capital potiguar29/01/2019 às 15:14
Buracos ao longo da Avenida Rio Branco, na zona Leste de Natal
O aposentado Nilson Souza da Silva, 54 anos, anda com dificuldades pelas calçadas do bairro de Cidade Alta, na zona Leste de Natal. Com deficiência motora, auxiliado por uma muleta, ele dribla buracos, piso desnivelado e a crônica falta de acessibilidade urbana em um dos principais corredores comerciais da capital potiguar.
“É horrível andar por aqui. Eu vim de Felipe Camarão [zona Oeste de Natal] para fazer compras, mas é sempre difícil me locomover por esta região. Não há acessibilidade”, reclama ele, enquanto transita pelo terreno irregular do calçadão que margeia a Avenida Rio Branco.
Em vários locais do passeio, como verificou a reportagem do Agora RN, o piso apresenta falhas, buracos e coberturas de diferentes tipos, sem qualquer uniformidade. “Eu tenho de tomar muito cuidado. Nunca vi algo tão ruim como agora”, diz a comerciante Maria Santana Gomes Pereira, de 80 anos, que trabalha em uma barraca de artesanato na Praça Padre João Maria.
Com relação ao calçadão da Avenida Rio Branco, em pleno centro comercial, a Prefeitura do Natal não tem projetos de reforma ou manutenção da estrutura, segundo a Secretaria Municipal de Obras Públicas (Semov). “Não temos projeto. Quem deve ter é Secretaria de Mobilidade Urbana [STTU], pois eles é quem cuidam desta parte de acessibilidade”, explica o titular da pasta, Tomaz Pereira Neto.
A STTU tem um projeto de sinalização viária de várias vias públicas, mas as obras não incluem a Rio Branco. Fazem parte da iniciativa as avenidas Boa Sorte, Moema Tinôco, Alexandrino de Alencar, Duque de Caxias, Interventor Mário Câmara, Sílvio Pélico e Xavier da Silveira, além das ruas São João, Alberto Silva e Alberto Maranhão.
Atualmente, o único trabalho voltado para melhoria do passeio público da capital da Semov é o projeto de recuperação de calçadas no entorno da Arena das Dunas, o estádio que foi uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, mas que ainda não foi concluído. “O projeto que segue em análise de licenciamento é o das calçadas, com 14 quilômetros, no entorno da Arena das Dunas. Começou em 2014, mas parou. Estamos esperando o licenciamento para licitar as obras”, diz.
Como mostrou a edição do Agora RN da última terça-feira, 29, a falta de manutenção pode ser melhor exemplificada através dos gastos da Prefeitura do Natal com obras e instalações. Segundo dados do Portal da Transparência do Município, as despesas com infraestrutura urbana caíram 65% entre 2017 e 2018. O valor pago para obras em todo o ano passado, de acordo com os dados públicos, foi de R$ 1,8 milhão, enquanto no exercício anterior, em 2017, a despesa total foi de R$ 5,1 milhões.
Sobre a queda nos investimentos, Tomaz Pereira diz que a realidade enfrentada pelo Município se acentuou ao longo dos últimos anos, com a redução de repasses do Governo Federal. “Nós estamos sentindo a redução dos investimentos, mas não só do ente municipal. Houve a redução dos repasses feitos pela União”, minimiza.
Ainda segundo ele, a Semov tem projetos importantes parados por conta da falta de recursos. Ele cita as obras de recuperação do sistema de drenagem da zona Leste de Natal. “A Rua Mipibu, em Petrópolis, tem uma obra de R$ 50 milhões para a drenagem, pois toda vez que chove alaga toda a aquela área. Precisa ser executada aquela obra, mas falta recurso”, encerra.
Fonte: Agora RN
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