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O conhecido Sermão da Montanha, ou Sermão do Monte, se trata do mais longo discurso de Jesus relatado nos evangelhos. Embora chamamos estas palavras de Jesus de sermão, a realidade é que a passagem tem muito mais a ver com um guia de instrução do que com um sermão, pelo menos não daquilo que entendemos por sermão nos nossos dias. Esta série de instruções sobre o que os seguidores de Jesus precisam fazer para confirmar a sua herança do Reino de Deus se encontra apenas no livro de Mateus e se estende do capítulo cinco ao capítulo sete do seu evangelho. O historiador Lucas também menciona uma série de ensinos de Jesus semelhante ao Sermão da Montanha, mas bem menor, que ocupa quase todo o capítulo seis do seu evangelho (Lc 6:12–49). A versão de Lucas é bem mais condensada possivelmente porque, assim como o seu colega de ministério, Paulo, ele não era um dos discípulos ou apóstolos originais de Jesus e não foi uma testemunha ocular das suas pregações. Os escritos de Lucas sobre Jesus foram baseados em relatos de terceiros (Lc 1:3), e é provável que ele simplesmente combinou em um bloco várias frases que Jesus proferiu nos muitos dos seus ensinos ocorridos em diferentes ocasiões e locais, à medida que as pessoas lhe relatavam. Nesta série, o nosso foco será nas palavras de Jesus nos transmitidas por Mateus. |
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"As palavras de Jesus no Sermão da Montanha não são meros conselhos de vida para os seres humanos, como alguns imaginam." |
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Esta será a mais longa série que já escrevemos e possivelmente que escreveremos no futuro. Normalmente limitamos as nossas séries a 12 estudos, mas neste caso precisaremos muito mais que este número se realmente queremos abordar as várias instruções contidas nestes três capítulos da Bíblia. Para ser mais preciso, de acordo com o esboço do Sermão da Montanha que criamos, serão necessários 78 estudos, com a possibilidade de aumentar este número, se o Senhor assim nos instruir. |
Enquanto escrevo estas linhas, observo da janela as nuvens escuras que se movem rapidamente em direção ao oceano atlântico no céu de fim de primavera, aqui no sul da Flórida nos EUA. Elas seguem movendo, todas na mesma direção, sem demonstrar qualquer resistência ao forte vento que as impulsiona. O Espírito Santo, me lembra da seriedade de cada uma das palavras que saíram dos lábios de Jesus no Sermão da Montanha. Assim como estas nuvens, milhões de seres humanos não demonstram nenhuma resistência aos impulsos da carne e à influência do Maligno. Tantas almas preciosas completamente submissas às forças do mal. Caso não haja uma reação por parte delas, todas seguem rumo ao mesmo destino: a morte eterna (João 5:28-29). |
Esta palavra: “reação” é uma palavra-chave para entendermos o propósito do Sermão da Montanha. Jesus nos passou as instruções do Sermão da Montanha para que soubéssemos como reagir frente as mais comuns situações que os filhos do reino de Deus têm que enfrentar durante os rápidos anos que passam neste mundo dominado pelo pecado. É no Sermão da Montanha que encontramos as mais claras instruções de Jesus quanto à como os filhos de Deus neste mundo temporário deverão reagir quando enfrentarem todos os tipos de lutas, sejam lutas ligadas à nossa saúde, finanças ou relacionamentos. Jesus cobriu todos esses pontos. |
As palavras de Jesus no Sermão da Montanha não são meros conselhos de vida para os seres humanos, como alguns imaginam. Jesus não nos passou conceitos filosóficos, mas mandamentos. Esta verdade é facilmente observável quando vemos as várias vezes em que Jesus concluiu os ensinos do Sermão da Montanha com referência aos dois destinos possíveis ao homem: a vida eterna e a morte eterna (Mt 5:19-20,22,29-30; 6:15; 7:7,13-14,19,23). Ou seja, se as instruções no Sermão da Montanha fossem apenas recomendações, então não haveriam consequências imutáveis e eternas. No Sermão da Montanha, o foco de Jesus não foi explicar aos seus discípulos como viver feliz aqui neste mundo, mas sim como viver condizentes com a sua posição de herdeiros do Reino de Deus: “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25:34). Aliás, não só no Sermão da Montanha, mas em toda a Palavra de Deus o foco sempre foi primeiro levar o pecador a se tornar um herdeiro do Reino e depois ensiná-lo a se comportar como tal: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc 8:36). |
O Sermão da Montanha foi dado para todo aquele que já vive o Reino de Deus aqui na terra: “O Reino de Deus não vem de uma maneira visível; nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Pois o Reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17:20-21). Este foi o motivo que Jesus dirigiu as suas instruções, não ao público em geral, mas aos seus discípulos: “Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos, e ele se pôs a ensiná-los” (Mt 5:1-2). Possivelmente muitas outras pessoas ouviram o que Jesus dizia aos discípulos [Gr. μαθητής (mathētēs) Trd. aprendiz, discípulo, aluno], mas os ensinos eram claramente direcionados, não aos curiosos e descrentes que frequentemente o cercavam, mas àqueles que já o haviam aceitado como Mestre e Senhor: “Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou” (João 13:13). |
O evangelho de Jesus consiste em ensinar aos perdidos a maneira que se salvarão para o Reino e ensinar aos salvos a maneira que se vive no Reino. Quando o homem ouve os mandamentos de Jesus e os obedece, ele está então confirmando ser um cidadão do Reino de Deus. Jesus não espera obediência do homem que não o tem como Pastor, pois neste caso as suas instruções soam estranhas, uma vez que não reconhecem a sua voz. Aquele que, no entanto, faz parte do seu rebanho, não apenas ouve com atenção, mas se deleita em obedecer a cada uma das suas instruções porque sabe que o seu Pastor procura nada mais do que o seu bem: “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai (João 10:14-15). |
Frequentemente o cristão não sabe se a sua conversão realmente ocorreu. Esta dúvida comum ocorre tanto devido à nossa fraqueza como também devido aos sussurros de Satanás nos nossos ouvidos. O inimigo procura nos convencer de que nunca fomos salvos e que, portanto, estamos perdendo tempo nos dedicando às coisas de Deus. A obediência às palavras de Jesus nos serve como garantia de que realmente o aceitamos como o nosso Senhor. Recusar a obedecer aos mandamentos de Jesus, por outro lado, ainda que a pessoa diga que Cristo é o seu Senhor, é a prova concreta de que a conversão ainda não ocorreu para ela: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mt 7:21). A vontade do Pai é que obedeçamos ao Filho: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mt 17:5). |
As instruções contidas no Sermão da Montanha prepara o cidadão do reino para a vida que ele experimentará quando finalmente receber a sua herança. Este é um conceito fundamental para todo aquele que quer ter certeza de que estará com Jesus no Reino Eterno. Jesus não nos passou os seus mandamentos para que simplesmente soubéssemos da sua existência, nem tampouco para que os tivéssemos como um alvo nobre, porém inatingível, mas sim para que os recebêssemos como regras de treinamento essenciais para a vida superior que muito em breve viveremos. É um erro fatal para o homem que se diz cristão ignorar as instruções do Sermão da Montanha e mesmo assim esperar que de alguma forma herdará o Reino de Deus. |
Queridos, em nenhum lugar nos quatro evangelhos ouvimos Jesus dar a entender de que a obediência aos seus mandamentos era algo opcional para herdarmos o Reino de Deus. A realidade, no entanto, é que milhões de cristãos vivem como se não fizesse a menor diferença para Deus se obedecemos ou não as palavras do seu Filho. Eles imaginam erroneamente que devido à sua bondade, Deus não levará a sério as instruções que lhes foram enviadas através do Filho, e lhes concederá a graça da salvação, ainda que tenham vivido em desobediência. Jesus repetidamente nos disse que não existe salvação para quem desobedece ao seu evangelho: “Quem não me ama, não obedece as minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou” (João 14:23-24). Ou seja, as instruções de Jesus são as instruções de Deus e, portanto, desobedecer a jesus é desobedecer a Deus. Ninguém se salvará desobedecendo a Deus, ainda que todos os líderes do mundo ensinem algo diferente. A verdade do Senhor sempre prevalecerá e nenhuma voz humana possui poder para anular aquilo que o Senhor determinou através do seu Filho amado: “Aquele que tem os meus mandamentos e os obedece, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele” (João 14:21). |
Irmãos, estamos muito animados com esta nova e longa série. Sabemos, porém, que a tarefa que nos aguarda é gigantesca e seríssima, sobretudo porque no Sermão da Montanha Jesus tocou em assuntos delicados e muito relevantes para os nossos dias, como o divórcio, o dinheiro e a aceitação do sofrimento. Pedimos, portanto que os irmãos se empenhem em oração para que o Senhor nos conceda a força e a sabedoria necessárias para cumprirmos a nossa missão de uma forma que o seu precioso Nome seja, em todos os sentidos, honrado. Peçam ao Senhor que toque no coração de todos aqueles que forem enviados aos nossos estudos para que as palavras de Jesus germinem e deem frutos para a salvação de muitos. Frutos estes, devo lembrar, que todos nós colheremos naquele grande dia: “Porque Deus não é injusto, para se esquecer da vossa obra, e do amor que para com o seu nome mostrastes” (Heb 6:10). Espero te ver no céu. |
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