1. No final do século 16, surgiram em Pernambuco as Companhias de Carregadores de Açúcar e as Companhias de Carregadores de Mercadorias. Formados principalmente por negros, esses grupos se reuniam para organizar as festividades da Folia de Reis. Com o tempo, passaram também a comandar as preparações de outras festas locais, como o Carnaval.
2. O carnaval pernambucano é historicamente marcado pelo frevo e pelo passo, que surgiram no século 19. Foi a partir daí que grupos de operários urbanos passaram a organizar as primeiras agremiações locais. Cada categoria profissional – lenheiros, marinheiros, marceneiros – se juntava para desfilar junto.
3. O Clube de Máscaras Galo da Madrugada, fundado oficialmente em 24 de
janeiro de 1978 por Enéas Freire, tem a tradição de abrir o Carnaval pernambucano
na manhã de sábado, que é conhecido como Sábado do Zé Pereira. No seu
primeiro desfile, que começou às 5 da madrugada, eles só conseguiram
juntar 75 foliões. Hoje em dia, o desfile do Galo arrasta 1,5 milhão de pessoas
espalhadas pelas ruas centrais do Recife durante o dia inteiro. Foi por isso que ele
entrou para o Livro dos Recordes como o maior bloco de Carnaval do mundo.
No dia 9 de junho de 2008, Enéas Freire morreu de parada cardiorespiratória ,
aos 86 anos, no Recife.
4. Na segunda-feira, o Carnaval recifense apresenta a Noite dos Tambores Silenciosos,
que acontece em frente à Igreja do Terço, no centro da cidade. A cerimônia, de
tradição africana, foi trazida pelos escravos. À meia-noite em ponto, os instrumentos
de percussão dos maracatus são silenciados durante 1 minuto. Os negros evocam
seus ancestrais, pedem proteção aos deuses e celebram a coroação dos reis do Congo.
5. Em Olinda, o frevo começa uma semana antes do Carnaval. O povo
sobe e desce as suas ladeiras estreitas, seguindo os tradicionais
bonecos de 3 metros de altura, a marca registrada da folia na cidade. Os mais
tradicionais são o Homem da Meia-Noite (criado em 1932), a Mulher do Meio-Dia (1967),
o Filho do Homem da Meia-Noite (1980), o Menino e a Menina da Tarde (1974 e 1977).
São feitos de pano, madeira e papel.
6. Na quarta-feira de cinzas, os blocos do Bacalhau do Batata e Urso
Maluco Beleza saem às ruas. O Bacalhau do Batata foi criado pelo garçom Isaías
Ferreira da Silva, o Batata, em 1962. No primeiro desfile, ele saiu com um bacalhau
na mão acompanhado de mais 15 amigos. O Urso Maluco Beleza,
de Alceu Valença, nasceu em 1992.
7. Diferentemente do que acontece no Rio de Janeiro e em Salvador, os foliões de
Pernambuco não costumam pular o Carnaval fantasiados ou vestidos de abadás.
Eles simplesmente saem às ruas para se divertir.
8. O frevo é um ritmo genuinamente recifense, que surgiu no século 19,
com influência da capoeira. Nessa época, os blocos de frevo do Carnaval tinham a
tradição de competir entre si. Para proteger seus estandartes, era comum sair briga
entre os membros de cada bloco rival. O ritmo acelerado é proposital: foi criado
para animar os foliões.
9. Outro ritmo típico de Pernambuco que também marca presença nos carnavais é a ciranda.
Foi criada na região de Itamaracá, pelas mulheres que esperavam seus maridos
chegarem do mar. Elas se juntavam na areia da praia, formavam uma grande roda
e cantavam cantigas embaladas por instrumentos de percussão como a zabumba, o tarol,
o ganzá e o maracá.
10. O maracatu é outro ritmo pernambucano carnavalesco marcado pela força da
percussão (alfaias, caixas, taróis, ganzás e gonguês). Teve origem nas congadas –
cerimônias da cultura africana de coroação dos reis e rainhas.
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