DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
publicado: 27/09/2019 19h34, última modificação: 27/09/2019 19h46
Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde apontou crescimento de transplantes considerados mais complexos
Nesta sexta-feira (27), Dia Nacional da Doação de Órgãos, o Ministério da Saúde lançou a Campanha Nacional de Incentivo à Doação, que este ano traz o tema “A vida continua. Doe órgãos. Converse com sua família”.
“Estamos sensibilizando as famílias para que conversem em casa e digam aos seus familiares que são doadores de órgãos para, o dia que acontecer o imprevisto de uma morte inesperada, a família tenha essa informação de que o desejo dele era de ser um doador”, destacou o ministro interino da Saúde, João Gabbardo.
A conversa de família foi fundamental para que a secretária Mailde Geordani doasse os órgãos da irmã. “Ela faleceu há dez meses. Um tempo antes, num almoço de família, ela falou que, se acontecesse algo com ela, gostaria de ser doadora”, contou.
Mailde sugeriu que as famílias falem mais sobre o assunto. “As pessoas precisam conversar mais sobre isso porque a cada órgão transplantado, é uma vida nova, um brilho novo na vida de alguém. É o maior gesto de amor”.
No Brasil, mais de 44 mil pessoas estão na fila de espera por um transplante de rim, pulmão, córnea, fígado ou coração. A economista Patrícia Fonseca, de 34 anos, era uma dessas pessoas e, há quatro anos, recebeu um novo coração. “Eu já não tinha mais chances de viver a menos que eu recebesse uma doação e o sim de uma família. Até que, no dia do meu aniversário, eu recebi a notícia de que o presente que eu mais quis a vida inteira tinha chegado. Eu posso viver uma vida com coisas que eu sonhei a vida inteira, praticar esporte, trabalhar”, afirmou.
O Dia Nacional de Doação de Órgãos tem o objetivo de conscientizar sobre a importância da doação e fazer com que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto.
Apesar da ampliação da discussão do tema nos últimos anos, estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) identificou três motivos principais para a recusa das famílias, que não ocorre só no Brasil: incompreensão da morte encefálica, falta de preparo da equipe para fazer a comunicação sobre a morte e religião. Segundo o Ministério da Saúde, 6 em cada 10 famílias autorizam a doação de órgãos. Gesto que salvou, somente nos primeiros seis meses deste ano, mais de 13 mil pessoas.
Balanço
Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde feito, entre o primeiro semestre de 2019 em comparação ao mesmo período de 2018, apontou crescimento de transplantes considerados mais complexos, ou seja, que são mais difíceis de serem realizados devido a aspectos como tempo curto entre retirada e implante do órgão, estrutura necessária nos hospitais e equipes especializadas. Os transplantes de medula óssea aumentaram 26,8%, passando de 1.404 para 1.780. Já os transplantes de coração cresceram 6,3%, passando de 191 para 203.
Brasil é referência mundial em transplante de órgãos
O Brasil é referência mundial na área de transplantes e possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos EUA. Os pacientes recebem assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante pela rede pública de saúde.
O SUS é responsável pelo financiamento de 95% dos transplantes no país. E uma nova portaria, assinada pelo ministro, durante o lançamento da campanha, reajusta o valor pago nas soluções de preservação de três órgãos. “Com o reajuste que estamos dando hoje, a gente espera que os hospitais se sintam mais estimulados.”, afirmou João Gabbardo.
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