A mensagem foi deixada no carro da vítima no último domingo (1). A Polícia Civil investiga o caso.
Por g1 RN e Inter TV Cabugi
Bilhete com ofensas racistas foi deixado no carro do empreendedor Alan Batista no domingo (1). — Foto: Foto: Cedida
"É muito ruim passar por uma situação dessa, machuca nossa alma", desabafou Alan Batista, empreendedor de 33 anos que encontrou um bilhete com ofensas racistas no último domingo (1) em São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal. Ele estava saindo de casa com sua esposa e seu filho de 7 anos quando viu o bilhete enrolado em uma maçaneta do carro da família. No papel, havia dizeres como "negro fedorento", "inseto" e "preto horroroso".
"Era umas 13h quando a gente estava saindo para fazer um passeio em família e encontramos esse papel. Meu marido achou até que era coisa do meu filho. Quando a gente abriu, viu o que tinha escrito. Aquilo nos pegou totalmente de surpresa porque a gente não tem nenhuma inimizade no condomínio. Esse mês faz um ano que a gente tá [morando] aqui. Meu marido trabalha privado e tem duas barbearias, então ele só vem em casa para dormir", contou Renata Janielly, esposa da vítima.
Alan Batista, empreendedor de 33 anos que encontrou um bilhete com ofensas racistas no último domingo (1) em São Gonçalo do Amarante — Foto: Arquivo pessoal/Cedida
"No momento veio o choque, veio uma dor interna. Eu fiquei extremamente triste, sem saber o que falar para o meu filho, que estava ao meu lado. Tocou muito", relatou Alan.
Alan e Renata logo procuraram o síndico para contar o ocorrido. No entanto, o casal foi informado que as câmeras de segurança do condomínio estariam quebradas. Na segunda-feira (2), os dois foram até a Delegacia de São Gonçalo do Amarante para registrar um boletim de ocorrência. A Polícia Civil ouviu a vítima, testemunhas, e abriu um inquérito para investigar o caso.
"Existe um suspeito, porém a gente não tem provas concretas. Mas já ouvimos muita gente do condomínio achando que é a mesma pessoa. Antigamente já houve outros bilhetes para um morador que era de outro país. [A pessoa] se denominava como subsíndico e deixava [os bilhetes] nos carros ou na porta do apartamento. Só que isso nunca foi levado para a frente", revelou a esposa de Alan.
"A gente espera que os moradores que possam ter visto alguém por lá naquele horário denunciem. Porque muita gente diz 'ah, eu acho que foi fulano porque assim, assim assado', mas a gente não tem prova para acusar. Então a gente precisa pelo menos de denúncias anônimas", pediu Renata.
"Eu quero que a justiça seja feita. Vai ter a justiça de Deus, mas eu quero também que tenha a justiça dos homens aqui na Terra. Que cheguem junto e que não deixem esse caso ser um descaso. O culpado vai ter que ser punido, não pode ficar assim. Se cada um de nós, negros, colocar a cara a tapa e reivindicar nossos direitos, a gente vai combatendo [o racismo]. Não vai ser a última vez, então temos que estar fortes", afirmou Alan.
"O trabalho está sendo feito junto à Polícia e vamos descobrir quem fez esse ato criminoso. Não vou sair do condomínio, por que isso é inadmissível. Sou homem, honro a minha cor e vou até o final", finalizou o empreendedor.
Fonte: G1 RN
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