As contas externas registraram saldo positivo
pelo segundo mês consecutivo, informou hoje (26) o Banco Central (BC).
Em abril, o superávit em transações correntes, que são as compras e
vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do Brasil com
outros países, chegou a US$ 3,840 bilhões, o maior valor da série
histórica mensal iniciada em janeiro de 1995.
Em abril de 2019, houve déficit de US$ 1,910 bilhão. “Na comparação
com o déficit de US$ 1,9 bilhão ocorrido em abril de 2019, contribuíram,
principalmente, os recuos no déficit em renda primária (lucros e
dividendos, pagamentos de juros e salários) de US$ 2,3 bilhões, e em
serviços, de US$ 2,1 bilhões, além da elevação do superávit da balança
comercial, de US$1,3 bilhão”, informou o BC, ao comparar os resultados
de abril deste ano com o mesmo mês de 2019.
O déficit em transações correntes do primeiro quadrimestre de 2020
somou US$ 11,877 bilhões, recuo de 29,9% em relação aos US$ 16,953
bilhões registrados de janeiro a abril de 2019. O déficit em transações
correntes nos 12 meses encerrados em abril de 2020 somou US$ 44,4
bilhões, o que corresponde a 2,61% do Produto Interno Bruto (PIB, soma
de todos os bens e serviços produzidos no país).
Balança comercial
As exportações de bens totalizaram US$ 18,359 bilhões em abril e as
importações, US$ 11,923 bilhões, resultando no superávit comercial de
US$ 6,437 bilhões, contra US$ 5,125 bilhões em igual mês do ano passado.
De janeiro a abril, o superávit comercial chegou a US$ 9,626 bilhões,
ante US$ 12,681 bilhões do mesmo período de 2019.
Serviços
O déficit na conta de serviços (viagens internacionais, transporte,
aluguel de investimentos, entre outros) atingiu US$ 1,208 bilhão em
abril, ante US$ 3,296 bilhões em igual período de 2019. Nos quatro meses
do ano, o saldo negativo chegou a US$ 8,063 bilhões, resultado menor
que o registrado de janeiro a abril de 2019, de US$ 10,839 bilhões.
Viagens internacionais
A maior contribuição para essa retração em serviços vem da redução de
91,2% nas despesas líquidas (descontada as receitas) de viagens, que
totalizaram US$ 90 milhões em abril de 2020, contra US$ 1,021 bilhão em
abril de 2019. As restrições de circulação devido à pandemia da covid-19
afetaram o resultado da conta.
Em abril, as receitas de estrangeiros em viagem ao Brasil chegaram a
US$ 113 milhões, com recuo de 76% em relação ao mesmo período de 2019,
enquanto as despesas de brasileiros no exterior ficaram em US$ 612
milhões, queda de 86,4%, na mesma comparação.
No acumulado do ano até abril, o saldo negativo da conta de viagens
(receitas e despesas) é de US$ 1,576 bilhão, contra US$ 3,528 bilhões
primeiro quadrimestre de 2019.
Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando
Rocha, a redução do número de voos e a alta do dólar foram os aspectos
responsáveis pelo impacto na conta de viagens. “Claro que
majoritariamente as pessoas que iam fazer viagens a turismo ou a negócio
não estão fazendo por causa da pandemia”, disse. Ele acrescentou que
quem teve que manter a viagem, mesmo em meio à pandemia, teve o impacto
do dólar mais caro.
Em maio, até a última quinta-feira (21), a conta de viagens gerou
receitas US$ 98 milhões e despesas de US$ 177 milhões, com déficit de
US$ 79 milhões.
Rendas
Em abril de 2020, o déficit em renda primária (lucros e dividendos,
pagamentos de juros e salários) chegou a US$ 1,557 bilhão, contra US$
3,864 bilhões em igual período de 2019. No primeiro quadrimestre, o
saldo negativo ficou em US$ 13,871 bilhões, ante US$ 19,110 bilhões em
igual período do ano passado.
A conta de renda secundária (gerada em uma economia e distribuída
para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de
serviços ou bens) teve resultado positivo de US$ 168 milhões, contra US$
125 milhões em abril de 2019. No primeiro quadrimestre chegou a US$ 432
milhões, ante US$ 315 milhões em igual período de 2019.
Investimentos
Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram
US$ 234 milhões no mês de abril, ante US$ 5,107 bilhões em abril de
2019. O resultado de abril foi o menor desde julho de 2016, quando houve
saída de US$ 103 milhões. Na observação somente dos meses de abril, é o
menor valor de investimento estrangeiro direto desde 1995, quando ficou
em US$ 168 milhões.
De acordo com Fernando Rocha, a percepção do BC é que houve um
adiamento dos investimentos diretos em abril e não um cancelamento. Ele
disse que as empresas podem estar optando por manterem recursos
disponíveis (liquidez) no momento da crise causada pela pandemia até que
as incertezas diminuam. “Parece ser adiamento das operações no mês em
que se concentraram muitas incertezas sobre o que está acontecendo na
economia brasileira e mundial”, disse.
No primeiro quadrimestre, o IDP chegou a US$ 18,043 bilhões, ante US$
23,395 bilhões de janeiro a abril de 2019. Nos 12 meses encerrados em
março de 2020, o IDP totalizou US$ 73,2 bilhões, correspondendo a 4,31%
do PIB, em comparação a US$ 78,1 bilhões (4,48% do PIB) no mês anterior.
Os dados do BC também mostram saída líquida (descontada a entrada) de
investimento em carteira no mercado doméstico de US$ 7,313 bilhões,
contra US$ 547 milhões de saída líquida em igual período de 2019. No
caso das ações e fundos de investimento, a saída totalizou US$ 2,443
bilhões. A saída líquida de títulos foi maior, chegou a US$ 4,870
bilhões.
No primeiro quadrimestre deste ano, houve saídas líquidas de US$
31,448 bilhões nesses tipos de investimento, contra a entrada líquida
(entrada maior que a saída) de US$ 9,962 bilhões observados em igual
período de 2019.
Previsões
O BC espera que as contas externas continuem a apresentar saldo
positivo em maio. Para este mês, a estimativa para o resultado em
transações correntes é de superávit de US$ 3,1 bilhões, enquanto a de
IDP é de ingressos líquidos de US$ 1,5 bilhão. Neste mês, até o dia 21, o
IDP chegou a US$ 1,266 bilhão.
Fonte: Agência Brasil
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