As vendas da indústria e do comércio varejista
tiveram queda de mais de 30% no mês de abril, na comparação com março,
informa o Boletim de Acompanhamento Setorial da Atividade Econômica,
divulgado hoje (27) pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada
(Ipea). No setor de serviços, a retração foi de 23,7%.
O instituto relaciona a queda da atividade econômica às medidas de
isolamento social, adotadas por estados e municípios como forma de
prevenção à pandemia do novo coronavírus (covid-19), seguindo
orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com o Ipea, além da paralisação de uma "ampla gama de
atividades produtivas", a queda das demandas interna e externa causou a
forte retração em todos os setores da economia.
Para calcular o desempenho da economia, o Ipea tomou como base os
parâmetros de três pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e passará a realizar mensalmente a projeção antes da
divulgação dos dados oficiais pelo IBGE.
Indústria
O Ipea destaca que o cenário começou a se deteriorar em março, mês em
que a Pesquisa Mensal da Indústria, do IBGE, constatou um recuo de 9,1%
na produção industrial ante fevereiro. A produção de veículos e o setor
de vestuário foram os mais afetados, enquanto o impacto foi menor na
produção de alimentos, papel e celulose, e derivados de petróleo.
Segundo a estimativa do Ipea, a retração deve crescer para 36,1% na
próxima pesquisa, que será divulgada pelo IBGE em junho e medirá o
cenário em abril. O resultado do quarto mês de 2020, projeta o Ipea,
deve representar uma queda de 44,6% na comparação com abril de 2019.
Mais uma vez, a indústria de veículos automotores deve estar entre as
mais afetadas, com uma queda de 92,9% em relação a março, e de 90,4%
diante de abril de 2019. Já na indústria de celulose e papel, a queda
prevista é de 1,4% ante março, e, na comparação com abril de 2019, deve
haver estabilidade, com alta de 0,3%.
Comércio e serviços
A última Pesquisa Mensal do Comércio (IBGE), divulgada em 13 de maio,
também havia apontado queda em março, quando as vendas do varejo
ampliado recuaram 13,9%. Os segmentos menos afetados, nesse caso, eram
os associados à venda de alimentos, artigos farmacêuticos e de materiais
de construção. Para abril, a previsão do Ipea é que o movimento se
intensificou, chegando a uma queda de 34,7% para o conjunto do setor. Na
comparação com abril de 2019, a queda deve ser de 44,5%.
O varejo ampliado inclui as lojas de veículos e materiais de
construção, além de todos os outros setores do comércio. Assim como a
produção, a venda de veículos deve ter uma queda mais acentuada que os
números globais, atingindo queda de 62,2% de março para abril. O varejo
restrito, que exclui veículos e materiais de construção, deve ter queda
de 28,4% em abril, na comparação com março.
O setor de hiper e supermercados deve ser um dos menos afetados pela
crise, com recuos de 5% em relação a março e de 1,1% na comparação com
abril de 2019. Segundo o Ipea, os impactos da crise desaceleraram as
vendas em relação a março, mês que estabeleceu uma elevada base de
comparação em virtude da estocagem de alimentos por parte de alguns
consumidores.
Nos serviços, a queda em março foi de 6,9%, segundo a Pesquisa Mensal
dos Serviços, que já havia apontado recuo de 30% nas atividades
turísticas. A projeção para abril é que a retração geral do setor chegue
a 23,7%.
Fonte: Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário